Será
transparente a janela ou é um vão na parede?
Haverá
essa camada fina de vidro
Entre a
escuridão da noite
E a
segurança das paredes brancas e frias?
O que
separa os ruídos noturnos
Da
textura do coração
Ou da
densidade da alma?
Foi o
sonho ou o silêncio
Que disse
que era sutil sopro de vida
E não
ausência?
Era uma
borboleta que entrou na tarde de sábado
Sem pedir
licença,
Que
manteve suas asas abertas
Enquanto
pousada
Num canto
qualquer da casa;
Era ela
que convidava medo e encantamento
Para
comparecerem na mesa da cozinha,
Que
encontrava lugar no mesmo cômodo
Habitado
pelas teias de aranhas que teciam solidão,
Que tinha
o jeito inusitado
De ousar
pronunciar receio ou estranhamento;
Era uma
borboleta a tatuagem no peito coberto de pelos dele
Que
flertava com os vãos entre as grades;
Que
sonhava em se atirar lá do alto,
Direto na
água,
Para que a
correnteza cumprisse
O seu
destino na pele dele;
Ossos,
Boca,
Vestígios
de esperança;
Eram as
sobras de sua existência
Que
desafiavam a solidão em sua cela,
Na
masmorra,
Na
penitência,
Na ilha
envolvida pelo oceano;
Era uma
borboleta no peito da garota
Com a
camiseta cor de framboesa;
Ela que devorava
vertigens,
Que tinha
planos de fuga,
Que
parecia um camaleão,
Que
esculpia sonhos na masmorra ou na penitência,
Naquela
ilha coberta de pelos no coração
Da
borboleta que habitava o peito dele,
Penitente,
Prisioneiro,
Confidente
das teias de aranhas
Que
teciam os ruídos noturnos
Na
textura de sua alma;
Existe
ela, a densidade, na camada fina do silêncio?
Era o
toque de suas mãos ágeis na madeira da porta?
O teu
punho que atravessa,
Teus
dedos que expremem,
As
batidas que escorrem pelos tendões a nu,
Teu corpo
desvelado:
-
Vísceras,
É o que temos para o jantar.
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