Notícias
de um hermano argentino:
-
Uma primavera humana se aproxima,
a
frente fria se dissipa.
Desvanece.
Entre
palavras lidas,
ou
aquelas não encontradas,
nas
margens desconhecidas,
é
possível ter esperança.
É
possível esperar que o dia amanheça com a mesma chama cultivada pela caminhada
noturna.
Entre
um sonho e outro, quero acreditar que o fogo não se apaga,
que
aquela estrela que contempla
a
nossa existência
pela
janela aberta
é
o brilho que prossegue aceso
dentro
de cada coração.
A
gente ainda pode viver a busca de cada batida na cintura alheia, ou de mãos
dadas.
Vamos
juntos, de mãos dadas, sonhava o poeta mineiro no interior de uma cidade
pequena tão longe das capitais.
O
poeta já morreu, apanho cada verso seu
tão
vivo quanto sinto
o
sonho cada vez tão pequeno.
Para
cada avenida que encontra o passo dado quero a esperança de prosseguir de mãos
dadas, com os braços bem abertos.
Porque
quero, porque preciso sentir o abraço do vento,
o
cheiro da chuva na tarde quente
e
sem saída.
Porque
com os braços bem abertos
sinto
o carinho do teu sonho.
E
agora é possível,
tudo
é possível,
como
a liberdade.
E
você pode abandonar o seu corpo
na
beira do abismo
e
ser abraçada
pela
superfície,
densidade,
profundidade,
oceânicas.
É
a vida toda quem te aguarda
na
beira,
na
margem,
entrada
para um novo continente:
-
Recipiente de toda alma cantada,
entoada.
Boca aberta para receber o teu grito,
o
teu beijo lindo
que
acena a liberdade
contida,
imprecisa,
esperança
entre as grades.
Entre
os grilhões desse tempo.
Entre
pela labareda iluminada
-
morada –
entre
o vão tamanho chão
e
o céu que beija a pele suada
com
a tempestade
-
correnteza –
que esse coração precisava.
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