sábado, 15 de setembro de 2018

o tempo parado,
já passou o momento, 
quando era o instante
da volta do mundo
que passa pelo lado de cá, 
aqui dentro, 

quando a mão 
encontrava a si 
no próprio movimento 
e já não era deserto, 

já não era preciso 
conhecer o código, 
ou desvelar o mundo 
nos caminhos obtusos
entra a linha do instante gráfico 
e o verso sentido 
antes que dito. 

e o verso da cara, 
da pele, 
da lente, 

o outro lado 
que insistia
sobrevivente
em saber o instante 

quando a vida 
não é um passado
a ser decifrado.

quando a serpente 
e a medusa, 
e a cor da romã, 
e o sabor do ventre da manhã 
devoram o desejo 
já meio apagado, 
já tão pouca chama, 
já quase sem alma. 

quando entre as arestas 
vestígios de existência 
que encobrem a cor 
e a textura dos móveis
encontram a vida 
em seu momento 
tão pouco pêndulo, 
tanto móbile,

para que na alameda perdida 
entre o resto 
e as migalhas 
de quem um dia foi, 

encontre no verso
do papel amassado, 
rascunhado, 
o outro lado 

de ser quem é

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