sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Cotovia,
via,
envia
sorriso largo.

Embarco no arco soterrado.
Aterro do desejo.

Cheiros
que emergem
entre escombros
convidam.

Embarco na viagem
que me alcançou
sem pedir passagem.

Perco-me pela via
um dia vivida.

Via
alegria tocada
pela manhã dourada
na casa velha
em que a gente
se abrigava.

Abrigo trêmulo.
Abalo sentido.
Afeto.

Afetação.

Se tocar
pode ferir,
você dizia:

- se tocar
pode se abrir

uma pétala,
uma vida,
uma via
que a pele ainda
não conhecia.

Você me dizia,
me tecia,
enquanto a gente sentia
uma fenda
que desabrochava
do outro lado. Verso da epiderme.

Germe de paixão
derramada na mesa
do café da manhã.

Carinho cálido
na cotovia
do coração.

Pretos cabelos,
fios,
emaranhados,
envolvidos
na face branca
e rosada.

Olhos de coruja
que me despertavam
o toque,
a mão,
do mergulho
na escuridão.

Azuis,
a sós,
nós,
tocados
pelo feixe lunar
que atravessava
vidros e paredes
e janelas
para iluminar
a intersecção de almas
no lençol velho
que acariciava
a ponte quente
que emergia
do toque vivido
por tanta alma.

Tanta chama.
Tanto desejo.  

E eu
e você
e o tempo
e a hora tardia.

Instante.
Já se vai,
esvai.

Pétalas murchas,
ou possibilidade
de semente.

Cinzas entregues
antes
de recomeçar
o tempo presente.

A paixão pretérita
que germinava
poesia futura.

Poesia agora.

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