quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

despreparado
para quando
o instante
em que você
chora,

para quando
você se joga,
se atira.

para a sua vontade de viver.

desavisado
para quando
posso te tocar
com a mão aberta.

para o que sinto
quando sinto
cada pinta sua,
uma marca aqui,
outra ali,
lá,
com cada ferida
minha.

a tua partida
sem aviso prévio,
a tua rota
no meio
da minha trajetória
sem acordo,
ou combinado,
apenas encontro,
mesmo que não saiba
o que fazer
com a tua alegria
tão parecida
com a minha tristeza.

só sei
que não é lugar,
ou canal,
para a minha palavra,
qualquer palavra,
quando sinto
sem saber
que existe uma fissura,
um vestígio,
um desvio,
sem cura
dentro de você
e em toda parte.

mas queria saber
como te dizer
que mesmo na escuridão,
ou quando te sonho
saida do abismo,
ou da boca
de algum precipício,
sinto a travessia
de tua beleza.

e agora
sem aviso
sem preparo
choro.

a poesia transpira
em cada poro,
em cada pinta,
em cada ferida,
em cada dor
que já não é
só tua,
e que não posso
chamar de minha.

 dentro da caixa  tem lápis de cor fora da caixa  existem cores  no céu na água do rio  na onda do mar  no arco-íris  no brilho  da íris  de...