terça-feira, 16 de novembro de 2021

 aquele inexato momento

que já nem lembro 

sinto.


algum passado 

fosse parecido 

com essa 

paz noturna 

que agora sinto. 


era quase memória

uma cena 

pela metade. 

Cinzas. 


agora antes 

da próxima chama 

esse instante 

parece tão único.


sinto a escuridão 

que me assopra, 

me suspira 

na cozinha, 

na luz acesa 

esquecida. 


lá fora

o que não chamo de dentro, 

mas sinto 

como se me revirasse 

pelo avesso. 


pelos, olhos. 

Alucino. 

boca, mão. 

Elucida. 


lá fora, 

dentro da escuridão, 

existem luzes. 


brancas, 

amarelas. 

Cor de diamante. 


toda noite sinto 

uma luz 

se apaga, 


uma lembrança acende, 

um sonho acende. 


queima 

na boca, 

no céu da língua.


queima

uma memória, 

uma fotografia. 


um trago rasga a garganta. 


era chama, 

agora cinzas, 

brasa prossegue, sonha. 

Desperta luz. 


acorda sem temer a escuridão. 


são amigos 

os cânticos 

e rumores 

do silêncio. 


são convites 

cada pensamento 

perdido 

que brota 

sem aviso 

na manhã corrida, 

ou na tarde cansada. 


uma tormenta a noite

quando o sono 

não vem. 


essa noite 

ela não virá,

essa noite 

não será.


essa noite

não me precede, 

não me remete, 

não me corresponde. 


sinto

que já não avança 

hora, 

apenas

cada curva da escuridão

que me alcança. 


cada estrela escondida 

me cadencia o silêncio. 

Me lança. 


sou a paz,

a chama, 

a tormenta, 

a calmaria, 

um punhado de cinzas. 


um sentimento 

que pulsa 

perdido e único

em cada volta 

que o mundo dá

cada vez 

que a gente passa 

e o tempo continua 

sem poder esperar

que a gente seja, 

esteja,

na próxima hora, 

em cada minuto.

Precisa acontecer. 


o tempo

que não se marca, 

que não se espera, 

é o fragmento 

da tua vida, 

lábil existência, 

que eu te peço.


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