aquele inexato momento
que já nem lembro
sinto.
algum passado
fosse parecido
com essa
paz noturna
que agora sinto.
era quase memória
uma cena
pela metade.
Cinzas.
agora antes
da próxima chama
esse instante
parece tão único.
sinto a escuridão
que me assopra,
me suspira
na cozinha,
na luz acesa
esquecida.
lá fora
o que não chamo de dentro,
mas sinto
como se me revirasse
pelo avesso.
pelos, olhos.
Alucino.
boca, mão.
Elucida.
lá fora,
dentro da escuridão,
existem luzes.
brancas,
amarelas.
Cor de diamante.
toda noite sinto
uma luz
se apaga,
uma lembrança acende,
um sonho acende.
queima
na boca,
no céu da língua.
queima
uma memória,
uma fotografia.
um trago rasga a garganta.
era chama,
agora cinzas,
brasa prossegue, sonha.
Desperta luz.
acorda sem temer a escuridão.
são amigos
os cânticos
e rumores
do silêncio.
são convites
cada pensamento
perdido
que brota
sem aviso
na manhã corrida,
ou na tarde cansada.
uma tormenta a noite
quando o sono
não vem.
essa noite
ela não virá,
essa noite
não será.
essa noite
não me precede,
não me remete,
não me corresponde.
sinto
que já não avança
hora,
apenas
cada curva da escuridão
que me alcança.
cada estrela escondida
me cadencia o silêncio.
Me lança.
sou a paz,
a chama,
a tormenta,
a calmaria,
um punhado de cinzas.
um sentimento
que pulsa
perdido e único
em cada volta
que o mundo dá
cada vez
que a gente passa
e o tempo continua
sem poder esperar
que a gente seja,
esteja,
na próxima hora,
em cada minuto.
Precisa acontecer.
o tempo
que não se marca,
que não se espera,
é o fragmento
da tua vida,
lábil existência,
que eu te peço.
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