quinta-feira, 6 de julho de 2017

A expansão do buraco da fechadura
Pela madeira velha
Da porta partida,
Trincada,
Rachada,
Que antes rangia
E anunciava
A grandiosidade da solidão.

A pela dela,
Morena,
Era a única estrela
Que emanava
Entre os ruídos bárbaros
Da escuridão.

Não quero ser a mestra,
Ou a guia,
Ela dizia,
Serei apenas o destino,
O horizonte,
O futuro,
O ponto de chegada
De toda paixão.

As horas transitivas,
Noturnas,
Daquele instante,
Escorreram
Para dias,
Anos,
Uma década,
Mais,
Em que a paixão prosseguiria
Na busca de uma fenda,
Um buraco,
Uma rachadura,
Para que seja bárbara,
Grandiosa,
Uma implosão insurgente
Entre os ruídos das máquinas,
Detonando tudo,
Assim,
De dentro para fora,
Para que sejam estrelas
As peças envolvidas
No movimento incessante
Da engrenagem.
Para que o amor
Resistente,
Sobrevivente,
Possa ser ainda mais
Incandescente,
Reluzente.

Músculos remendados
Sejam abraçados
Por labaredas marítimas,
Possam viver
O que é deixar
O coração rolar
Pelas vertigens do amor.

Cada pálpebra cansada,
Envelhecida,
Seja amada,
E a retina esteja aberta
Ao olhar alheio
Sem o medo,
Ou receio,
Que o mundo todo vivido
Durante a noite insone
Seja revelado.

Que a verdade despontada seja mais
Que o peso da mesquinharia
E a confirmação do nosso egoísmo,
O amor amante reconhecido
Como o desejo da alma
Que esteve tanto tempo camuflado.

Seiva,
Mel,
Olhos,
Dedos,
Boca,
Lambuzados,
Desavergonhados,
De não temer a escalada,
O salto,
Penas,
Asas,
Do outro.

De ser quem é,
De ser mais
Na memória que não é tua,
No coração que não mora
Dentro do seu peito.

Sente  
A batida que anuncia vida,
Constelação,  
No céu que anuncia a gente
Que brilha,
Que sonha,
Que ama,
Que mira,
No horizonte,
Ponto de chegada,
Onde toda paixão
Seja a imensa liberdade
Que o coração precisa.

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