quarta-feira, 28 de março de 2018

acho 
que só me acho
na beira do riacho.

deixo o laço,
que já andava meio solto, 
naufragado.

não era laço,
era lenço, 
que virou barco de papel,
que no mergulho fundo, 
perdido entre as dobras do véu,
na boca de narciso
sonhava alcançar o céu.

não era lenço, 
era lençol
amarrotado,
amassado,
do jeito que ficou

o desenho do teu rastro
cutâneo
no embaraço 
do nó 
daquele laço
agora desatado

na travessia 
franca,
aberta, 
dispersiva

na rede
moinho
do movimento
do vestígio 
da tua pele 
nos vendavais.

talvez a gente
possa sobreviver
para viver 
o carinho cinza 
depois dos carnavais.

quem sabe 
no redemoinho dos temporais 
a gente encontre mais,
para além do abrigo seguro 
de uma marquise...

...o laço,

o lenço,

o lençol,

o carinho cinza amante, 
rastro de semente, 
plantado 
no ar denso,
quente,

do tempo abafado
dessa tarde.

sol

entre as dobras do véu,
na memória do lençol, 
nas fendas do laço,
entre as voltas do nó

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