que só me acho
na beira do riacho.
deixo o laço,
que já andava meio solto,
naufragado.
não era laço,
era lenço,
que virou barco de papel,
que no mergulho fundo,
perdido entre as dobras do véu,
na boca de narciso
sonhava alcançar o céu.
não era lenço,
era lençol
amarrotado,
amassado,
do jeito que ficou
o desenho do teu rastro
cutâneo
no embaraço
do nó
daquele laço
agora desatado
na travessia
franca,
aberta,
dispersiva
na rede
moinho
do movimento
do vestígio
da tua pele
nos vendavais.
talvez a gente
possa sobreviver
para viver
o carinho cinza
depois dos carnavais.
quem sabe
no redemoinho dos temporais
a gente encontre mais,
para além do abrigo seguro
de uma marquise...
...o laço,
o lenço,
o lençol,
o carinho cinza amante,
rastro de semente,
plantado
no ar denso,
quente,
do tempo abafado
dessa tarde.
sol
entre as dobras do véu,
na memória do lençol,
nas fendas do laço,
entre as voltas do nó
Nenhum comentário:
Postar um comentário