quarta-feira, 21 de março de 2018

Existe o dia do nada,
dias assim,
não acontece...
...nada além da expectativa.

esperar cansa,
esperar que
de repente
tudo aconteça.

a gente reviras as coisas tudo,
de repente dentro delas
não cabe a gente.

talvez dê
para encontrar um jeito
da gente se ajeitar,
se aprumar,
tomar rumo.

é só o bolso virado
para o lado de fora
da calça amassada;

é só o recipiente
de alguma substância
qualquer
que ficou sem tampa.

é só o movimento insistente
das reticências,
quando se buscava firmeza,
consistência.

é só gente jogada,
revirada,
jogando a vida,

como se faltasse
antecipar a marcação
na entrada da grande,
ou pequena área.

como se restasse,
apenas,
premeditar o breque,
o freio de mão,
naquela palavra
que falou pronunciar
a última sílaba.

de repente
a gente lembrou
que tinha esquecido
do filtro
na enunciação,
ou no que precisava
ser dito,
proferido.

talvez seja
nesse intervalo
entre memória,
consciência
e esquecimento

que a gente procure
um pouco mais
do nada
de nada.

que a gente esqueça,
mas ainda sinta
o imenso prazer,
enorme satisfação,
de não ter um plano
para que a gente aconteça
no meio de tudo
que acontece
nessa vida.

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