domingo, 18 de março de 2018

Morto,
vivo,
tem corpo.

corpo morto degenera,
corpo vivo entrega
a vida
todo dia
em cada esquina.

corpo muda...floresce,
corpo que busca vida...
...enriquece,
cresce,
descobre a si

no gosto vermelho
da pele.

poros que abrem,
renascem,
na boca desbotada
da vida
de todo dia
em cada esquina.

agora
a boca umedecida
com gosto da vida
que ainda há,
que pode ser

o abraço doce da chuva
depois que o céu desabou,

e a dança camuflada,
soterrada,
no sopro
entre uma veia
e o sangue quente,
vermelho,
rubro,
desperta,
liberta

o assopro doce
da tua alegria
que teus olhos
umedeciam

e quase desvaneciam
na miúda fração do segundo
já vivido,
morto,
já perdido

entre o sonho abrigado do horizonte,
e o instante
em que vi
o levante
das tuas asas...

...em chamas:

- ícaro,
futuro,
tragédia,
sonho,
esperança.

Não,
doce criança,
impetuosa menina,
não degenera,
não regenera,
floresce...

...muda o sentido desse tempo,

muda,

corpo vivo,
renascido,
liberto da violência,
da tortura.

não se entrega
a quem te cala,
a quem te machuca,
te aprisiona,
te promete a cura.

aquece o teu sonho,
mergulha
nessa miúda
sobrevivente
chama de poesia.

chama no asfalto quente
de cada esquina
para que esse dia
não seja igual
a todo dia.

Seja o levante das tuas asas,

cada pluma
cada pena,
única,
transcendente,
para romper,
interromper a gravidade,
a densidade de toda barreira,
fronteira,
que leva
a vida desejante,
amante,
a conhecer a queda

e o olho nu
do abismo.

viva
para viver
o instante
em que vejo,
em que sinto,
a nudez transbordante,

vida liberta
da tragédia.

fogo que alimenta a liberdade
e não te devora as asas,
a vida,
própria,
do teu levante,
da tua viagem.

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