A
poesia é coisa de homem,
a
poesia é coisa de mulher,
a
poesia é coisa de gente,
a
poesia é quando a gente
não
encontra um nome.
Um
nome não basta.
a
palavra dada
não
é a mesma
que
a palavra querida,
amada.
A
poesia é coisa de criança,
a
poesia é coisa de gente velha,
a
poesia ainda não amadureceu.
A
poesia chutada
descobriu
que existe chão,
queda
e
gravidade.
A
poesia é coisa de gente
que
anda
com
uma,
duas,
três,
quatro
rodas.
A
poesia é coisa de gente
que
anda
pela
pele,
pelo
mundo.
A
poesia é coisa
de
quem anda
às
próprias custas
S/A.
A
poesia é aquela
que
por se chamar coisa
é
tanta coisa
e
coisa nenhuma.
A
poesia é aquela coisa
que
fizeram comigo.
É
o tapa,
é
o olho no olho,
é
marca de sangue no chão,
é
a bala disparada,
a
vida em disparada,
a
bala fria guardada.
é
o cano da arma
colocada
dentro
da boca.
É
o coração caído,
é
o dente partido,
o
passado perdido,
é
o sorriso não contido,
descontente,
desafinado,
como
um elefante
numa
pista de gelo,
como
um anjo
catando
pedaços
de
suas asas
dispersas
entre
o coro,
a
cena,
o
placo
e
a plateia.
A
poesia é quem fiz
da
minha vida.
A
poesia é a coragem
de
sentir medo
e
encanto
por
não saber
qual
destino
me
abraça
no
labirinto
que
me aguarda
na
próxima viagem.
A
poesia é a estrela
encontrada
no
meio do caminho
entre
a boca,
o
remetente,
a
mensagem
e
o destinatário.
A
poesia desafia a rima,
a
poesia não tem rima,
a
poesia rima
com
cada silêncio
sentido
nos
poros e ecos
dos
subterrâneos cutâneos.
A
poesia é coisa
de
quem morre hoje.
de
quem morreu
na
semana passada,
na
sexta-feira passada,
no
ano passado,
na
vida sem passado.
A
poesia é coisa
de
quem acorda
como
se acordasse,
despertasse,
pela
primeira vez,
para
renascer tanta poesia,
tanta
poesia,
tanta
poesia,
que
segue sendo
quem
é.
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