Quanto tempo
até a chuva
alcançar o meu telhado?
Quanto tempo
até as gotas de água
geladas
baterem na soleira da janela?
Eu sei quem é ela,
mas eu não tenho
uma resposta para isso.
Eu nunca tive
uma resposta para isso.
Sim,
eu sei
que o frio é meu amigo,
que o carinho gelado
de uma noite fria
foi o melhor companheiro
enquanto as horas escuras
- transitivas –
avançavam.
E o céu azul e claro...
...cada vez mais distante,
e o nascimento do sol...
...cada vez mais distante.
Naquele tempo
quando não havia semente,
quando não havia horizonte,
quando a única beleza
era o reflexo
de alguma estrela dourada
em um espelho partido.
Vou assoprar
para junto da poeira
o que o seu olho
podia tocar.
Vou deixar ao chão,
no solo,
o vestígio dessa face
misturado
ao calor do sangue.
E cada gota de chuva
agora brinca
com esse vermelho
derramado
na sarjeta,
bem ali,
à beira do asfalto.
Uma onda do mar
caída do céu
lava.
Leva
para de baixo
e das ruas
e do asfalto
esse pedaço meu,
esse pedaço seu,
esse que ficou
quando caímos.
Quando o nosso corpo envergado
e a nossa alma ferida.
E tudo que ouvimos
foi o movimento
do nocaute
sussurrar
em nossos ouvidos:
- fique bem aí
nesse chão frio,
gelado
e molhado.
Amanhã,
quando o calor sereno
da manhã
tocar suas pálpebras
você poderá
abrir os olhos
e se levantar.
Um passo de cada vez,
depois de um
vem o outro,
e assim você sabe
como terminar
o dia
que se aproxima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário