Nenhuma palavra rima,
nenhum som dentro do tom.
Nenhuma oração
que acalme o coração.
Nenhum conselho
que me torne mais sábio,
ou não.
Nenhum livro na estante
que seja a passagem
para a verdade secreta.
Nem a quarta dimensão.
Ou entre as palavras
miúdas
e quase não escritas,
o encanto pela beleza
do mistério.
Nem o mau e o velho hábito.
Nem os maus e velhos amigos,
nem o gosto amargo já conhecido.
Nem o futuro glorioso,
nem o orgulho saudoso,
nenhuma forma de abrigo.
Nem sair por aí
sem saber
qual será o destino.
Tudo isso,
nada disso.
Nada me prepara
para a tua alvorada,
Para quando
em mim
você amanheceu.
Para quando
pousou em mim
quando anoiteceu.
Para quando
a tua lágrima caída
quando distraída
tocou a minha face.
Você atraída
pelo sonho meu,
pelo sonho teu,
pelo sonho conjugado
a dois.
Nada me prepara
para quando seus olhos
estiveram comigo.
Eu estava apenas ali
quando ao fim da tarde
a luz do sol
tocou teus lábios,
fios de cabelo seu.
Nada me prepara
para o momento
em que a encruzilhada
nos encarava.
Deixei as chaves
da nossa casa assombrada,
a mobília e os ecos
da presença dos fantasmas.
Tudo isso
que me lembra
o desejo
que sinto
por você.
De saber
quem você é.
Eu já não sei
quem sou.
Eu já não lembro
quem era
antes de abrir
e deixar aberta
a porta
pela qual você entrou:
- esteve aqui,
esteve assim,
tão perto de mim.
Agora só o hálito
sorrateiro
da madrugada.
Arco-íris submerso
na penumbra,
em alguma onda da neblina.
Não tenha medo,
já sei o caminho,
já conheço o abraço
da escuridão.
Muito antes,
pouco antes,
de alcançar
a próxima estação.
Quero que você saiba
que te agradeço
pelo calor vivido
do tempo presente.
Pelo futuro sonhado.
Por me lembrar
o que é
não sucumbir
ao medo
de se deixar ouvir,
se permitir,
o toque incerto e preciso da voz do próprio coração
segunda-feira, 8 de abril de 2019
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