quarta-feira, 3 de abril de 2019

Eu tenho medo
que o passado volte,
outra vez,
novamente.

Eu tenho medo  
que o futuro 
se afaste:

- siga, 
escorra, 
desça, 
pelos buracos do ralo. 

Não quero 
que o destino 
nos alcance
nesse instante.

Agora vou tentar...
...sem medo.

Pela grande avenida 
vou atravessar a multidão,
abraçar o abismo
sem temer o horror
da neblina enraivecida
que envolve
a hora absurda da madrugada, 
que desperta 
a angústia 
e a ira.

Onde é que foi parar, 
por onde caminha, 
a chave, 
a porta, 
o solo, 
o teto, 
a parede a rebocar, 
do ninho 
quase seguro 
do teu coração?

Não temos o tempo, 
tememos o medo, 
sem medo temos 
um coração...
...será?

Alguém viu saltar, 
pular, sorrir, 
brincar por aí 
um coração?

Acho que é ar 
o assopro que sinto
por esse buraco
que se tornou 
paradeiro 
dentro do peito. 

Eu tenho medo, 
não temos tempo, 
onde é que foi parar 
o futuro?

Temos o coração 
para seguir...
...será?

Acho que foi por ali, 
pelo buraco, 
pelo ralo. 

Agora o passado, 
outra vez, 
novamente.

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