domingo, 16 de junho de 2019

pode ser que chova, 
pode ser que eu me perca, 
pode ser que você 
já tenha um plano. 

já saiba por onde vai 
e por onde seguir 
as batidas 
do teu coração. 

pode ser que ele não seja 
a morada 
que eu buscava, 

a morada 
na qual pretendo 
me perder 
para renascer. 

pode ser que aconteça 
da gente não acontecer. 

é tão perigoso 
por esses dias, 
por essas vidas, 
vielas, 

entre tantas dores, 
deixar brotar 
em si 
um pouco de esperança, 
um bocado de desejo. 

eu já conheço o medo, 
já reconheço a escuridão, 
já me lembro 
como esquecer 
a chave jogada 
em algum canto da casa. 

a identidade amassada, 
esquecida, 
envolvida, 
na trajetória da pedra. 

eu já sei 
qual é o caminho. 

não há engano, 
não há estorvo, 
não há labirinto, 
para me esquecer de mim. 

para conviver 
com o esvaziamento, 
retraimento, 
da paixão. 

não é um abismo, 
ou um precipício, 
que me aguarda 
na próxima parada. 

é só a vida, 
a mesma, 
que me encontrava 
quando eu atravessava 
aquela rua, 

cruzava aquela linha, 
desfazia aquela amarra. 

é só a rotina.

a aranha já sabia 
por onde ia, 
por onde vai, 
a sua teia. 

a outra pele 
que abriga 
a mesma fera. 

o camaleão 
que atende 
pelo mesmo nome
antes, 
no momento quando, 
ou depois, 
de mudar a cor. 

é só o mesmo sonho, 
o amor, 
que já está aqui, 
que anseia, 
aspira, 
declina para quando 
pudesse encontrar 
um pouco mais de vida 
para renascer, 
libertar, 
um tanto mais de vida, 

que ainda 
não tenha sido 
sobrevida 

pisoteada, 
amargurada, 
devorada, 
tragada, 
esquecida.

um pouco mais, 
tanto, 
um bocado, 
um chamado, 
não há engano, 
é só a vida.

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