sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A minha pele faz 
um jogo estranho comigo, 
ela me diz
o que parece ser 
possível ignorar, 
ou o que
simplesmente 
não pude 
perceber. 

Com suas irrupções vermelhas,
flamejantes, 
ela me pergunta 
o que fiz de mim 
durante a noite. 

Qual sonho alimentei, 
qual infância esqueci, 
qual fúria emergiu 

entre um gole e outro 
de bebida amarga 
que me tragava, 
aquecia, 
e secretava 
a esperança:

- Ela, 
que em um passado 
nem tão remoto 
me parecia ser 
tão fácil.

Com algumas cicatrizes, 
a pele me convida a lembrar 
que depois 
do medo 
e da dor, 
ainda existiam forças 
que me ergueram 
para a luta, 
para a batalha. 

Com suas erosões 
e inflamações:
- ela me diz 
que ainda existe 
vitalidade 
e que a caminhada 
ainda é possível. 

E por cada um 
desses motivos, 
que peço 
que a pele 
sempre me aguarde, 

enquanto 
busco encontrar 
algum sentido 
que dê sentido 
à pulsação 
que me impulsiona 
para o encontro
do tempo, 
da humanidade 
e da vida. 

E peço que ela 
não se despeça 
de mim 
e novamente 
faço as promessas, 
que já foram desfeitas, 
ou não cumpridas, 
que buscarei amor. 

Mais amor 
para entregar a ela,

amando mais 
a mim mesmo
e minha esperança 
e sonhos 
de conquistar a liberdade 
e uma liberdade 
que não seja só 
minha.

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