já não sei
qual palavra rima,
me interessa
a que acentua,
aquela
que amplifica...
...não a corrida,
mas a busca
por profundidade,
pelo ímpeto
que quebra linhas,
ultrapassa barreiras,
e nas fronteiras
encontra potência
para que a gente
não morra.
para que a vida
não esteja reduzida
aos limites
das trincheiras,
porque do lado de cá
apostar na força
da masmorra
é lutar contra
a intensidade oceânica
na procura de guarida
em castelos de areia:
- cada grão
pode ser tragado
pelos movimentos
de partículas aquáticas,
marítimas.
o poeta já cantava
que a mão
que se ergue
no arauto da batalha,
na comemoração
pela rede estufada
pela bola
de arremate certeiro,
encontra força
no desejo compartilhado,
no encontro
entre a superfície,
a beira da digital,
e a imensidão
do universo
da pele alheia.
me interessa
a palavra nova,
inquieta,
vibrante,
que desafia a rima,
que acentua,
que amplifica
verdades libertárias.
ela,
que despida
da condição de musa
encontra agora
nova rota
na tessitura
da poesia,
que seja elogio à liberdade,
que seja expressão
da vida vivida,
da violência
que se anuncia,
sabe
que interessa de onde,
de qual boca,
de que fundo
de coração,
da ponta de qual língua
é dita a palavra,
que é um grito
muito mais
que uma guerra,
que é um sussurro
já conhecedor
dos caminhos tecidos.
pelos dedos
e pela língua
e pela cintura
já conhece dor.
é uma palavra,
tantas,
um grito,
um sussurro,
um silêncio
que acolhe,
abriga em si,
o que é próprio
das rupturas,
das irrupções
que além
de inflamadas
se erguem
contra o abismo,
o destino já conhecido,
o mecanismo da inércia
e das engrenagens.
irrupções,
passos, traços e contornos,
ponderações
de uma nova viagem
que se funda
na verdade futura
que emancipa,
que liberta,
que dissipa
qualquer vestígio pretérito,
aterrorizante
e fantasmagórico,
limitante
da possibilidade de ser mais
que palavras ditas,
entregues, dadas,
ou queridas, amadas.
sejamos mais:
- lábios,
bocas,
dentes,
línguas
e desejos
no horizonte inseguro,
turbulento e bravio
que nossas odisseias
buscam encontrar
para que não sejam
egoístas
nossos amores e paixões.
para que cada sentido,
sentido dado,
sentido construído,
invenção,
seja abraçado
como potência
de uma vida
menos bruta,
menos miserável,
menos capital,
mais canal
e amplificação
do que é ser gente,
ser semente,
ser sendo,
ser vida humana.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
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