sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Nas encostas, 
sarjetas, 
soleiras, 

veias vermelhas,
que moram fundo
nos globos oculares, 

ainda há 
um murmúrio 
mais denso 
que o silêncio. 

Um sussurro 
que range, 
rumina, 
mastiga, 
fibras 
e articulações. 

Um som miúdo 
nos lados 
minúsculos, 
desouvidos, 
do coração 
e das paixões. 

Em uma frequência, 
em uma vibração 
que é dentro, 
que é antes
do momento 

que a voz ecoa, 
que o acorde se forma, 
que se conjuga
a dissonância. 

Murmura a pétala esquecida, 
a estrela pintada
no papel amassado, 
a história das folhas,
das árvores, 
do vento, 

da criança 
que brinca 
dentro 
e que brilha 
no olho pescado

da fossa, 
do fosso, 
da poça, 
do poço,

em que 
germina a força
de uma tempestade,
de uma correnteza.

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