Saber
que você esteve aqui
ainda
é o melhor caminho
para
que eu queira saber
por
onde andei.
Em
que lugar
coube
a minha presença
quando
este móvel
mudou
de lugar.
Eu
sei onde ele estava,
eu
sei onde você estava;
porque
ficou essa marca,
esse
miúdo contorno de poeira.
porque
ficou esse jeito mágico
de
deixar rastro.
Cada
migalha de alegria,
cada
vez que irritava
um
gesto egoísta,
ou
uma mania.
Cada
vez que eu podia
sentir
a densidade do ar
no
teu jeito
de
curtir o silêncio,
cozinhar
o silêncio,
tecer
que ele estivesse
em
todos os cantos da casa,
de
baixo do tapete,
no
intervalo exato
entre
o móvel e a parede.
Por
que romper o silêncio
quando
você não está?
Quando
me recolho para dentro
desse
lençol,
dessa
coberta,
me
encoberto de sonho
porque
não quero estar
em
todos os lugares
em
que você não está.
Quando
tudo
de
novo é,
como
antes
talvez
não existisse,
um
canto reduzido
bem
no vermelho
da
superfície desse lado,
aquele
mesmo da mordida,
do
teu lábio
que
conhece o gosto
do
jeito que gosto.
Do
jeito que mora
do
lado de dentro
da
tua saliva
a
palavra,
que
antes não sabia,
desconhecia
dela
a potência de poesia.
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