mais
um segundo,
mais
um minuto,
a
toda hora,
e
a gente já sabe
o
que vai ser
no
fim do dia,
e
nunca pareceu
tão
tarde
para
saber,
e
tão poucas vezes
a
verdade
foi
tão entristecedora
e
assustadora:
-
menos vida,
mais
valia,
mais
vala,
mais
buraco,
mais
abismo,
mais
falta.
e
quanto falta?
qual
o preço?
qual
o seu preço?
qual
o limite do silêncio?
em
que masmorra,
em
que rua,
em
que sarjeta,
em
que buraco,
em
que viela,
em
que lágrima,
em
qual garganta,
em
qual janela,
em
qual panela,
em
qual grave,
em
qual acorde,
em
qual agudo,
em
qual boca,
mora
o grito
que
pare
tudo
isso?
e
quanta gravidade falta?
e
qual o número,
ou
sinal,
que
indique
nessa
equação,
que
uma vida
não
se conta,
não
se subtrai,
não
se equaciona,
se
vive.
e
quem se lembra
como
era o desenho,
como
era fazer
e
estar dentro
de
um abraço?
e
quem se recorda
do
ruído da pele
que
se abria
para
o gesto do toque
quando
no
brilho do olho
se
revelava um sorriso?
qual
é o preço?
qual
é o seu preço?
qual
é o limite do silêncio?
quanto
horror,
quanto
terror,
quanto
medo,
quanto
pranto
ainda
falta
para
que seja percebida
a
realidade absurda
da
dor?
para
que se sinta
que
já não há medida?
qual
limite
precisa
ser alcançado,
ou
ultrapassado,
para
que a força
encontre
a coragem?
para
que esteja vivo
na
memória
a
necessidade
que
o grito
alcance
a liberdade?
e
nem um grito,
nem
uma lágrima,
nem
um pranto,
é
pouco,
ou
suficiente.
todo
luto
é
preciso.
toda
luta
que
pare
tudo
isso
e
abrace
o
futuro,
desate
um
novo tempo,
uma nova trama.