Palavra,
Qual
substantivo?
Será
adjetivo
que
revela qual lugar
ocupa
no mundo?
Já
não é reconhecida,
A
boca
Que
a proferiu,
É
uma,
Entre
tantas,
No
meio da confusão;
Palavra
tão pensativa,
Talvez
não fique tão bonita;
Entre
o ser e a possibilidade,
O
destino e a eternidade,
Futuro,
Máscara
já corroída,
Passado
ainda transpira,
Sente
os ecos da memória,
Será
que sente
O
movimento da história?
Palavra
encharcada,
Manchada,
Amassada,
No
guardanapo,
Dentro
do envelope,
No
balcão,
Na
padaria,
Na
mesa do café da manhã;
Quer
ela remendada?
Prefere
ela esculpida?
Pintada?
Palavra
afiada para dar o nó,
Para
atingir a superfície do músculo,
Aflita,
Como
navalha no olho
Filmada
em composição surrealista;
Palavra
enervada na cabeça,
Maltrapilha,
Acelerada,
No
pulso,
Artéria,
Cor,
Ação,
Enuncia
sem querer,
Querendo,
O
atraso,
A
ruptura da calmaria,
A
lentidão inconveniente,
A
pertinência incongruente;
Palavra
derramada sobre os jornais,
Palavra
revista como se entrasse no mundo recém-nascida,
Emprestada
de outro idioma,
Pensada
ou sugerida
No
olhar desviante e transeunte;
Caminhante
nas curvas da saliva,
Alojada
no canto do ouvido,
Repetida,
repetida,
Até
que inaugure novo sentido,
Cantante
quando juntada com outra,
Linda
em sua resplandecente singularidade;
Tão
diversa e múltipla,
Tão
pequena e singela,
Telefone
sem fio,
Os
créditos acabaram antes do teu possível discernimento,
Será
que foi essa a palavra dita?
Será
que foi esse o maravilhoso palavrão?
Serão
as palavras grandes de Caio Fernando Abreu?
As
mitologias de Willian Blake?
As
pedras inesquecíveis do poeta mineiro de Itabira?
Sim,
Pergunta
levantada pela Clarice,
Indigesta
e percebida pelo Guimarães Rosa,
Tão
óbvia que foi esquecida,
Ressaltada
pelo Nelson
Para
que nossa noite não abrace a tranquilidade,
Para
que os sonhos possam tocar a retina,
O
preto e o branco dos olhos;
Para
que o monstro que dorme em baixo da cama,
Seres
felinos que saltam nos telhados,
Ecos
e barulhos não convidativos,
Possam
ser reconhecidos
Como
o estranho que veste essa roupa,
Abre
a porta,
Salta
rua afora,
Insiste
calejado pelos caminhos desvairados
Que
sempre invocam mais
Do
ser
Que
ainda não é
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