Amigos(as),
Quero falar do lançamento do Gerson,
da saída pela linha de fundo do Garrincha,
do calcanhar, não o de Aquiles,
mas o de Sócrates,
aquele da democracia corinthiana.
Se me permitem,
não quero falar do futebol e seus cartolas imundos
que merecem, no mínimo, uma bala de canhão.
Pretendo lembrar as marcas dos sonhos que não conheceram a luz do sol.
Conheço amigos que utilizam as lentes de suas câmeras,
ou o fraseado do trompete,
para falar delas,
as feridas e as asas,
a saudade e a esperança;
Usarei essas palavras para falar
que não há imperativo categórico,
ou histórico,
apenas os dentes,
mais de trinta e dois,
dessa engrenagem,
que trituram e mastigam a epiderme,
nossos corações.
Há o desespero que interrompe o silêncio numa chama de medo.
É sempre bom lembrar, como os mestres Guimarães e Belchior ensinaram,
a vida é um negócio muito perigoso:
-"O que é que pode fazer um homem comum
neste presente instante
senão sangrar
tentar inaugurar a vida inteiramente livre e triunfante?"
A utopia é a nossa morada,
mas não aquela que desconhece a neblina enraivecida
que nos envolve todos os dias.
É o lugar que iremos erguer com aquela pedra no meio do caminho.
É aquela felicidade que não pode ser engarrafada
para camuflar o semblante da tristeza.
É aquela força,
feita de mãos dadas,
que nos emancipa.
É aquele amor
que nos leva para além do horizonte,
não é feito de grades,
não é feito de temor e insegurança.
Amigos(as),
sonharei com os olhos abertos,
porque não há loucura maior do que a lucidez.
Seguirei com as paredes rachadas e o coração trincado.
Não confio na estabilidade,
na tristeza amena e justificável,
em quem se esconde
em baixo de sua cama de ferro
com medo da solidão.
Não confio nas multidões e nos seus movimentos rodopiantes.
Confio nas individualidades trágicas,
porque a nós só resta fazer o irrealizável,
impulsionar a trincheira para além das possibilidades.
sábado, 13 de maio de 2017
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