sábado, 15 de setembro de 2018


conspirações,
presidentes derrubados,
lógica absurda
e poderosa;

ira irracional e cíclica,
movimentos aspirais
da riqueza.

invólucros que ocultam
a gênese da pobreza.

e tudo isso
afeta menos,
ou tanto quanto,

o frio que beira
a curva do osso.

a estação
que é prelúdio.

o calor, o sol e a luz
em constante prorrogação.

e é preciso acreditar
que a primavera estava aqui,

quando sua mão estava
a um centímetro,
ou menos do que isso,
de agarrar a minha.

e que foi possível sentir
alma humana
na alegria expressa
em teus olhos.

porque havia naquele instante
qualquer coisa de incomunicável,

para além dos limites
que a visão permite perceber
e dos significados
que as palavras
buscam emoldurar.

nas palavras,
entre elas,
que pouco explicam,
muito cortejam,
permeiam,
como pedras impetuosas
que buscam
desafiar o destino
inevitável da gravidade,

tento a memória quente
que houve contato humano,
tato,
tanto,
gente,

quando suposta calmaria é destrinchada:
- abre alas para enunciação da ilusão
que é
outro lado,
outra cara,
outra face,
da verdade

que a tristeza real
é quando já não se percebe
a realidade da tristeza.

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