eu gosto de rio
e às vezes rio
e às vezes
ser rio
é adentrar camadas
e desvelar atmosferas.
e às vezes
o riso incomoda.
outras
é apenas uma gota
de um oceano
de alegria,
ou a brevidade
de uma ironia.
eu gosto de rio
e conheço quem
já quis ser lagoa.
às vezes rio.
às vezes sou maré.
às vezes encontro
meu coração
na crista
da onda do mar.
deixo uma lembrança
no varal
pra secar.
volto a ser criança.
não quero ouro,
tesouro
no fundo do mar.
quero o fundo
do fundo
do fundo
do fundo.
ainda mais fundo.
não quero
o centro do mundo.
quero
navegar, navegar, navegar;
mergulhar, mergulhar, mergulhar.
conhecer
o outro lado,
a beira da outra margem,
a próxima viagem,
uma nova história,
uma rima inusitada.
a possível beleza
que reside dentro
de cada segundo.
o que ainda
não é memória.
ora,
esse mar
não tá
pra peixe.
esse feixe de luz
é miragem.
será?
por enquanto
não sei dizer,
e enquanto isso rio.
me ensina o rio,
invento um rio.
rio de coisas,
rios caudalosos,
rios de labareda,
rios incandescidos.
rio machucado,
rio ferido,
rio encontra mar.
liberte o rio,
liberte-se.
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