terça-feira, 16 de novembro de 2021

 eu gosto de rio 

e às vezes rio 

e às vezes 

ser rio 

é adentrar camadas

e desvelar atmosferas. 


e às vezes 

o riso incomoda. 


outras

é apenas uma gota 

de um oceano 

de alegria, 


ou a brevidade 

de uma ironia. 


eu gosto de rio 

e conheço quem 

já quis ser lagoa. 


às vezes rio. 


às vezes sou maré. 


às vezes encontro 

meu coração 

na crista 

da onda do mar. 


deixo uma lembrança 

no varal 

pra secar. 


volto a ser criança. 


não quero ouro, 

tesouro 

no fundo do mar. 


quero o fundo 

do fundo 

do fundo 

do fundo. 


ainda mais fundo. 


não quero 

o centro do mundo. 


quero 

navegar, navegar, navegar;

mergulhar, mergulhar, mergulhar. 


conhecer 

o outro lado, 

a beira da outra margem, 

a próxima viagem, 

uma nova história, 

uma rima inusitada.


a possível beleza 

que reside dentro 

de cada segundo.


o que ainda 

não é memória. 


ora, 

esse mar

não tá

pra peixe. 


esse feixe de luz 

é miragem. 


será?


por enquanto 

não sei dizer,


e enquanto isso rio.


me ensina o rio, 

invento um rio. 


rio de coisas,

rios caudalosos, 

rios de labareda, 

rios incandescidos. 


rio machucado, 

rio ferido, 

rio encontra mar. 


liberte o rio, 

liberte-se.


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