terça-feira, 16 de novembro de 2021

 por que estou 

fazendo isso 

comigo 

novamente?


por que

mais uma vez 

estou me ferindo?


e nessa hora

da noite

muitas horas antes 

do sol 

anunciar sua chegada 

cada batida

do meu coração

dói. 


eu não posso

contar

quantas vezes 

o meu sangue 

é impulsionado

para que

meus braços 

e minhas pernas 

tenham força

para me levar 

adiante. 


às vezes 

não posso 

contar comigo. 


não perco a conta 

de cada dia

que passa

como se fosse 

o mesmo dia. 


não perco a conta...


...esperando quanto tempo mais 

até que alguma mudança 

me alcance. 

 

até que eu 

possa partir

em uma nova

viagem. 


até que alguém 

entenda a mensagem. 


até que alguém

me diga 

que também sente

aquilo

que a vista 

não alcança. 


o que está 

desfocado

ou então 

em segundo plano. 


acho 

que já perdi

o ângulo 

desse plano 

e do próximo 

enquadramento. 


acho 

que as dimensões

daquela moldura

e daquela ideia

já me abandonaram. 


e não sei 

o que fazer

comigo. 


novamente 

meus olhos 

estão abertos

mas não estou acordado. 


outra vez

eu acreditei 

que o amor 

poderia me alcançar 

o que se perde 

à vista. 


e mais uma vez 

o amor

não foi um ato

um gesto 

ou uma coragem. 


não é alma

agora sei

é miragem. 


amar 

me fere

me machuca

porque tudo 

parece

tão pequeno 

diante do amor

que sinto. 


não há sorriso

saudade

musa

que sobreviva 

à densidade 

desse amor 

que sinto.  


eu não sei 

se é amor

se esse é o nome 

do que me lança

na tempestade

da força da vida 

e anuncia 

que é a morte

que se aproxima. 


então volto a contar 

cada hora 

cais 

longe do começo.

 

cada hora

do fim do mundo.


e é sempre 

sem fim

sempre assim. 


aniversários

natal 

ano novo 

velório 

e nascimento. 


não tem fim.


não é o mesmo

que sentir 

até o infinito.  


vai para a soma

para o fundo do pote

para dentro da gaveta

cada dia

em que pareço saber

que ainda estou vivo. 


sei que a morte

virá cobrar 

essa conta. 


continuo a sentir

cada taxa

cada juro

até que

meu rosto

ou aquele rosto 

seja só memória 

seja só.


até que a memória 

já não exista. 


se perca

toda e qualquer 

fisionomia. 


e essa imagem 

seja 

uma vaga

abstração. 


essa alma 

perambule 

se perca 

no meio 

de tantas outras 

que vagam 

pela noite

a cada segundo 

em toda hora 

e muitas horas antes 

que o sol 

anuncie 

e resplandeça 

sua chegada.


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