Não quero ser o herói
do futuro vencido,
do passado vencedor,
do presente esquecido.
Não quero vestir a cor
da bandeira que silencia,
da marcha que atropela,
de tudo
que ordena e encerra
a poesia.
Desejo a boca, a língua;
os poros, a pele;
os pelos, a textura...
...nus,
nuas.
Despidos
das marcas
de balas
cravadas.
Libertos
do açoite
e das feridas
coloniais.
Quero
no músculo do peito
e bem dentro dele
a marca e a tinta
da ternura afiada
e umedecida.
Quero
no espaço,
na passagem
e intervalo,
entre um músculo
enervado e outro
o calor do carinho
que destrava,
abre
e liberta.
Quero
no abraço
me livrar
da amarra
e do laço.
Deixar me perder,
estar imerso,
na força
que está
e me leva
além,
como já dizia o poeta.
E te quero junto
no próximo passo,
nessa dobra do tempo,
nessa borda amante
do carinho das águas.
E te quero junto
para além do medo,
pela travessia noturna,
no desabrochar
e endoidecer
da esperança matutina.
E te quero
para aprender a dizer,
para aprender a ouvir,
para aprender a nascer
outra vez,
novamente,
como se fosse o começo,
como se a gente
começasse agora.
Pé.
Mãos.
Cheiros.
Olhos.
Bocas.
Dentes e língua.
Desejo que seja,
grito que esteja,
lágrima que transborda,
riso que convida,
brilho que acende
uma mão na outra,
uma mão pela outra.
Nesse caminho que seja nosso.
Com a nossa cara.
Nosso corpo.
Nosso jeito.
Nosso carnaval, alegoria.
Nossa vida em germe.
Nossa semente.
Nosso futuro.
Nossa liberdade presente.
quarta-feira, 19 de junho de 2019
domingo, 16 de junho de 2019
Eu
sinto muito se
eu me perder
em mim.
Por não saber
quando deixar
me perder
em você.
Se não era quando,
era onde,
ou tanto,
perdi a chave
que me abriria.
Ou será
que se perdeu
a luz que tocava
a casca
da tinta endurecida
marcada,
gravada,
na madeira da porta.
Se não é a perda
o sentido
para o que sinto
quando você se fecha,
se afasta,
não sei
como chamar
o vazio
que me arrasta
para a escuridão.
Tudo parece
tão pouco
quando lembro
daquele dia,
em que tão pouco,
ou quase nada,
parecia muito.
Tanto
para que eu
pudesse reconhecer
que me perder
em você
é me achar
em mim,
quando já sou
poeira
de alguma estrela. Vadio entre achados, esquecidos, descartados, atirados para fora das casas.
Uma minúscula parte
de alguma matéria
que alguma onda,
ou correnteza,
trouxe
para a entrada
da tua morada.
Para o miúdo
fragmento de segundo,
em que a tua vida
me encontra,
me decifra.
Quando você
se acha
perdida,
entregue.
Eu me entrego
à esfinge,
à fera,
você,
pessoa,
mulher,
que me devora.
sinto muito se
eu me perder
em mim.
Por não saber
quando deixar
me perder
em você.
Se não era quando,
era onde,
ou tanto,
perdi a chave
que me abriria.
Ou será
que se perdeu
a luz que tocava
a casca
da tinta endurecida
marcada,
gravada,
na madeira da porta.
Se não é a perda
o sentido
para o que sinto
quando você se fecha,
se afasta,
não sei
como chamar
o vazio
que me arrasta
para a escuridão.
Tudo parece
tão pouco
quando lembro
daquele dia,
em que tão pouco,
ou quase nada,
parecia muito.
Tanto
para que eu
pudesse reconhecer
que me perder
em você
é me achar
em mim,
quando já sou
poeira
de alguma estrela. Vadio entre achados, esquecidos, descartados, atirados para fora das casas.
Uma minúscula parte
de alguma matéria
que alguma onda,
ou correnteza,
trouxe
para a entrada
da tua morada.
Para o miúdo
fragmento de segundo,
em que a tua vida
me encontra,
me decifra.
Quando você
se acha
perdida,
entregue.
Eu me entrego
à esfinge,
à fera,
você,
pessoa,
mulher,
que me devora.
Passe um tempo
com você mesmo
para descobrir
que não está
sozinho.
Vá um pouco
para o seu
lado de fora
para lembrar
que ele não é
tão somente seu.
Não tenha medo
de ser o estranho,
o estrangeiro,
você pode ser,
brotar em si,
o encanto
pelo desconhecido.
Você pode saber,
desatar,
a beleza que há
pela vida
que,
e se,
diferencia.
E que
o fim do dia
também
pode ser
o início
de uma alegria noturna.
Poesia passageira.
Porque essa vida,
luta, labuta,
precisa de alegria,
ímpeto e fúria...
com você mesmo
para descobrir
que não está
sozinho.
Vá um pouco
para o seu
lado de fora
para lembrar
que ele não é
tão somente seu.
Não tenha medo
de ser o estranho,
o estrangeiro,
você pode ser,
brotar em si,
o encanto
pelo desconhecido.
Você pode saber,
desatar,
a beleza que há
pela vida
que,
e se,
diferencia.
E que
o fim do dia
também
pode ser
o início
de uma alegria noturna.
Poesia passageira.
Porque essa vida,
luta, labuta,
precisa de alegria,
ímpeto e fúria...
pode ser que chova,
pode ser que eu me perca,
pode ser que você
já tenha um plano.
já saiba por onde vai
e por onde seguir
as batidas
do teu coração.
pode ser que ele não seja
a morada
que eu buscava,
a morada
na qual pretendo
me perder
para renascer.
pode ser que aconteça
da gente não acontecer.
é tão perigoso
por esses dias,
por essas vidas,
vielas,
entre tantas dores,
deixar brotar
em si
um pouco de esperança,
um bocado de desejo.
eu já conheço o medo,
já reconheço a escuridão,
já me lembro
como esquecer
a chave jogada
em algum canto da casa.
a identidade amassada,
esquecida,
envolvida,
na trajetória da pedra.
eu já sei
qual é o caminho.
não há engano,
não há estorvo,
não há labirinto,
para me esquecer de mim.
para conviver
com o esvaziamento,
retraimento,
da paixão.
não é um abismo,
ou um precipício,
que me aguarda
na próxima parada.
é só a vida,
a mesma,
que me encontrava
quando eu atravessava
aquela rua,
cruzava aquela linha,
desfazia aquela amarra.
é só a rotina.
a aranha já sabia
por onde ia,
por onde vai,
a sua teia.
a outra pele
que abriga
a mesma fera.
o camaleão
que atende
pelo mesmo nome
antes,
no momento quando,
ou depois,
de mudar a cor.
é só o mesmo sonho,
o amor,
que já está aqui,
que anseia,
aspira,
declina para quando
pudesse encontrar
um pouco mais de vida
para renascer,
libertar,
um tanto mais de vida,
que ainda
não tenha sido
sobrevida
pisoteada,
amargurada,
devorada,
tragada,
esquecida.
um pouco mais,
tanto,
um bocado,
um chamado,
não há engano,
é só a vida.
pode ser que eu me perca,
pode ser que você
já tenha um plano.
já saiba por onde vai
e por onde seguir
as batidas
do teu coração.
pode ser que ele não seja
a morada
que eu buscava,
a morada
na qual pretendo
me perder
para renascer.
pode ser que aconteça
da gente não acontecer.
é tão perigoso
por esses dias,
por essas vidas,
vielas,
entre tantas dores,
deixar brotar
em si
um pouco de esperança,
um bocado de desejo.
eu já conheço o medo,
já reconheço a escuridão,
já me lembro
como esquecer
a chave jogada
em algum canto da casa.
a identidade amassada,
esquecida,
envolvida,
na trajetória da pedra.
eu já sei
qual é o caminho.
não há engano,
não há estorvo,
não há labirinto,
para me esquecer de mim.
para conviver
com o esvaziamento,
retraimento,
da paixão.
não é um abismo,
ou um precipício,
que me aguarda
na próxima parada.
é só a vida,
a mesma,
que me encontrava
quando eu atravessava
aquela rua,
cruzava aquela linha,
desfazia aquela amarra.
é só a rotina.
a aranha já sabia
por onde ia,
por onde vai,
a sua teia.
a outra pele
que abriga
a mesma fera.
o camaleão
que atende
pelo mesmo nome
antes,
no momento quando,
ou depois,
de mudar a cor.
é só o mesmo sonho,
o amor,
que já está aqui,
que anseia,
aspira,
declina para quando
pudesse encontrar
um pouco mais de vida
para renascer,
libertar,
um tanto mais de vida,
que ainda
não tenha sido
sobrevida
pisoteada,
amargurada,
devorada,
tragada,
esquecida.
um pouco mais,
tanto,
um bocado,
um chamado,
não há engano,
é só a vida.
O que me amplifica sentidos?
O que me abre ruídos?
Esse som
entre o sim
e o não.
Esse tom...
...e o que vem depois
da tempestade?
O que me leva
mesmo quando
a chuva gela?
Esperança
de encontrar
na próxima estação,
no eclipse,
ou no ciclo lunar,
uma alma
que alimente
de chama
e carinho
a alma minha.
Agora um trago,
um abrigo ralo,
uma dose,
doce delírio,
ciclones que alucinam.
Breve naufrágio,
pálpebra levantada
na próxima onda.
Água que me arrasta
para a ilha deserta. Deserto da possibilidade de abraçar calor no chão firme e quente desse abrigo.
Me alivio
em sentir o frio,
antes que o sol desperte
a necessidade de ser.
Sei que sou,
me jogo,
me encontro
no destino conhecido
dos caminhos e desvarios
da dor.
Dói saber
tantas cores vivas
traídas,
atraídas
na brasa anoitecida,
uma mão esquecida,
um toque deixado,
ao relento.
Nesse vão,
nunca em vão,
o intervalo
entre a minha mão
e a tua,
o doce beijo da lua.
O que me abre ruídos?
Esse som
entre o sim
e o não.
Esse tom...
...e o que vem depois
da tempestade?
O que me leva
mesmo quando
a chuva gela?
Esperança
de encontrar
na próxima estação,
no eclipse,
ou no ciclo lunar,
uma alma
que alimente
de chama
e carinho
a alma minha.
Agora um trago,
um abrigo ralo,
uma dose,
doce delírio,
ciclones que alucinam.
Breve naufrágio,
pálpebra levantada
na próxima onda.
Água que me arrasta
para a ilha deserta. Deserto da possibilidade de abraçar calor no chão firme e quente desse abrigo.
Me alivio
em sentir o frio,
antes que o sol desperte
a necessidade de ser.
Sei que sou,
me jogo,
me encontro
no destino conhecido
dos caminhos e desvarios
da dor.
Dói saber
tantas cores vivas
traídas,
atraídas
na brasa anoitecida,
uma mão esquecida,
um toque deixado,
ao relento.
Nesse vão,
nunca em vão,
o intervalo
entre a minha mão
e a tua,
o doce beijo da lua.
A tua gargalhada
ainda ecoa
pela casa.
Se ainda me pego
distraído,
sorrindo,
sem saber o que fazer
com essa alegria
repentina
é porque
ainda penso em você,
sonho com você.
Com nossas fugas
alucinantes
nessa fria tarde.
Nosso encontro
bem no meio
desse desejo
que ainda arde
e floresce
caminhos amantes,
verdejantes,
pequenos diamantes
que esculpem,
traçam,
convidam,
poesia,
onde antes
só havia,
ou encontrava,
vazio.
Eu sei
que bem fundo
e dentro
do teu sorriso
existe
ainda mais
que um abrigo,
asilo,
ou refúgio.
Há um brilho,
e depois uma faísca,
agora se chama chama.
Se chama calor,
se chama amor,
se chama
o que a gente sente
quando o que
o que
a gente sente
ainda não se chama
e já é mais
do que um,
do que apenas,
do que
tão somente só.
ainda ecoa
pela casa.
Se ainda me pego
distraído,
sorrindo,
sem saber o que fazer
com essa alegria
repentina
é porque
ainda penso em você,
sonho com você.
Com nossas fugas
alucinantes
nessa fria tarde.
Nosso encontro
bem no meio
desse desejo
que ainda arde
e floresce
caminhos amantes,
verdejantes,
pequenos diamantes
que esculpem,
traçam,
convidam,
poesia,
onde antes
só havia,
ou encontrava,
vazio.
Eu sei
que bem fundo
e dentro
do teu sorriso
existe
ainda mais
que um abrigo,
asilo,
ou refúgio.
Há um brilho,
e depois uma faísca,
agora se chama chama.
Se chama calor,
se chama amor,
se chama
o que a gente sente
quando o que
o que
a gente sente
ainda não se chama
e já é mais
do que um,
do que apenas,
do que
tão somente só.
Fio,
afio,
fito.
Passo,
penso,
pêndulo.
Esparramo-me,
deixo-me,
às tuas costas
expostas,
postas,
à claridade
da manhã
que incide
em nós. Nosso rastro.
Luz que se abre,
estende,
pele que se abre,
beira à tua saliva,
tua boca,
tua língua.
Entrega-se
para o desejo
que antes naufragava
à deriva.
Retalhado,
perdido,
desencontrado,
abandonado,
ou deixado a si,
quando buscava,
suspirava,
ser desejo livre,
ser transeunte,
entre a margem
deserta
de alguma atmosfera
e a engrenagem
alerta,
desperta,
a cada retiro,
a cada silêncio,
a cada verso
que habita
em germe
a dobra,
ou curva
tangente
à fuga.
afio,
fito.
Passo,
penso,
pêndulo.
Esparramo-me,
deixo-me,
às tuas costas
expostas,
postas,
à claridade
da manhã
que incide
em nós. Nosso rastro.
Luz que se abre,
estende,
pele que se abre,
beira à tua saliva,
tua boca,
tua língua.
Entrega-se
para o desejo
que antes naufragava
à deriva.
Retalhado,
perdido,
desencontrado,
abandonado,
ou deixado a si,
quando buscava,
suspirava,
ser desejo livre,
ser transeunte,
entre a margem
deserta
de alguma atmosfera
e a engrenagem
alerta,
desperta,
a cada retiro,
a cada silêncio,
a cada verso
que habita
em germe
a dobra,
ou curva
tangente
à fuga.
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dentro da caixa tem lápis de cor fora da caixa existem cores no céu na água do rio na onda do mar no arco-íris no brilho da íris de...
-
luzes acenam lá de dentro da escuridão que envolve o céu noturno. posso sentir o brilho de uma silenciosa e estrondosa ...
-
Ando tão cansado de ser eu mesmo. Quero abandonar em uma esquina, em uma viela, o peso do passado que me aliena de sentir a for...
-
Nos girassóis do tempo, Vou voltar para o movimento das águas, Renascer nas horas do céu, Me deixar nos lençóis do vento; Partir ...