Me
deixa caber dentro do silêncio,
ser
o fantasma das horas transpassadas,
o
passo torto que não recua,
mesmo
quando a vida insinua
a
ilusão da linha reta.
Me
deixa sentir a intensidade da vida,
mesmo
quando não existe tesão
em
viver a corrida,
mesmo
quando a gente é seta
sem
buscar atingir,
alcançar,
uma
meta.
A
gente é.
Me
deixa ser
quando
posso sentir,
quando
posso viver,
quando
posso ir,
mesmo
sem saber
quando
destino vou alcançar,
ou
qual parte de mim
vai
ficar
pelo
caminho
já
percorrido.
Me
deixa ser o som
que
vibra na corda do violão,
a
vibração,
parece
eco,
é
distorção,
dissonância,
difusão,
propagação,
de
todos os sentidos
vividos
no
abismo
da
solidão.
Me
deixa permanecer pulsante
na
textura da penumbra,
no
instante antes