Eles, que nos perseguem com seus olhos furiosos, que acreditam que seremos dobrados e convertidos em acentos, acenos, para seus discursos tenebrosos, temerosos.
Eles, que nos trarão cruzes, crucifixos, deuses desesperados, aflitos, e verdades inexoráveis para justificar a abundância de suas riquezas incontíveis, incontáveis.
Eles, cujas biografias, como aquele velho cineasta francês, já dizia, circulam pelo mundo como lendas, ou ficções científicas, porque algumas verdades absurdas precisam circular pelo mundo como temas de um romance realista. Portanto, surrealista.
Eles, que retocam o vermelho da boca com a tintura de nossas cores; que criam curas para suas dores com as palavras que emergem diretas de nossos corações; com a tensão e a harmonia dos acordes de nossas canções.
Eles, que sorriem com todos os dentes, sanguinários e afiados, para a cadência do nosso samba; para o drama e a comédia da nossa vida cotidiana. E miram a ferida que parecia já tratada, curada, cautelosamente traumatizada. Agora exposta como os versos, a poesia, que não puderam permanecer no interior de algumas gavetas depois que o brilho da lua cheia atravessou a transparência das nossas janelas para se ver derramada na brancura manchadas dos lençóis amassados que encobrem - revestem - camas e colchões.
Eles querem a ardência da nossa existência insistente que percorre, corre, circula pela noite emergente. Querem a nossa poesia, nossa música, nossa batida, nosso suspiro e nosso silêncio. A força de cada braço, a firmeza de cada pé. O futuro projetado, nossa fé. Nossa esperança. O sorriso, o grito e a lágrima - espontâneas - de nossas crianças.
Querem o ímpeto do nosso desejo, o brilho do nosso olhar em nossa admiração pelo desenlace da paisagem no decorrer da viagem.
Querem a nossa inteligência, nossa sabedoria. Cada uma delas filtrada para ser servida entre o pão e o mel na mesa do café da manhã. Liquidificada com gelo e açúcar para animar a muscultaura. Destilada para encorajar o exercício dos pulmões. A inspiração, a transpiração.
Querem o fogo de nossa paixão sem cura, a ternura da nosa pele, beleza de nossas memórias, o ritmo de nossas histórias, para afinarem a gravidade de suas vozes.
Querem a nossa vitalidade, nossa essência, estripadas, para serem expostas em seus programas bregas - televisivos - de auditórios, públicos, domésticos, adestrados, bem educados.
Querem a nossa pele ressecada, sem a força do músculo, ou a tensão do enervamento, para proteger seus corpos quando é certeira a frieza que se se alastra, se aproxima.
Querem nossos cheiros, odores, aromas e sabores para temperarem carnes alheias, vegetais plantados e colhidos por mãos alheias. Querem o nosso suor para o pronunciamento do estrume adquirir veracidade na atmosfera rarefeita de algum perfume.
E depois que a gente já não seja a gente. Depois de triturados, moídos, ressecados, extraídos, estripados, pretendem um lixo que se não se pareça, que não tenha cara e o cheiro de um lixo, para as nossas carcaças, restos e sobras.
domingo, 31 de março de 2019
quarta-feira, 27 de março de 2019
Adormeço na hora incerta,
deixo cair
no espaço
entre uma mão e outra
a imagem do teu sorriso.
É um rosto,
não é uma fotografia,
é um instante
em que sonho,
não é o segundo
plantado
no meio,
em cheio,
do dia
em que tua mão
agarrava
o espaço em vão
em que minha mão
te alcançaria.
Não é um espaço,
é uma hora a menos,
uma hora a mais,
uma hora tardia.
Já não posso
com esse compasso
da vida
em estado de espera.
Não sei se
avanço o sinal
ou aguardo
a velocidade do passo
que me atropela.
Fiquei a um passo
para trás
quando você bateu asas
e agarrou
aquela nuvem
que se parecia
com a face
engrandecida
quando um sorriso
emergia.
Acho que já não é
o som da tua voz
que escuto
quando sinto a onda
que vibra
entre a aurora
e a tarde que cai.
Palavras trincadas
entre dentes brancos
em sorrisos congelados
eram quase ânima,
quase um estado
de alegria.
Tuas palavras,
cada sílaba declinada.
Hálito pálido.
Branco ao redor.
Vermelho da boca.
Marcas cutâneas
da tua excreção,
dançam com você,
mergulham com você,
brincam com você,
choram com você
quando teu corpo
atravessa a superfície
daquele lago.
Teus dedos ainda resistem
a tocarem fundo,
a tocarem o fundo.
Estou a uma braçada
atrasado,
estou a uma pedalada
antes
que o sinal
esteja fechado.
Você lembra?
Teus pés bailavam
quase engraçados
como elefantes
em um pista de gelo...
...no teto,
na beira do arranha-céu.
Dar o salto,
bater asas,
ou saltar
e deixar
a superfície da água
tocar as bordas ao redor
enquanto o corpo atravessa
a densidade aquática.
Já não era teu rosto,
nem reflexo,
ou mero sorriso,
quando despidos
de trajetórias pretéritas,
de futuros
que não eram nossos,
deixávamos nossos corpos,
nossas peles,
entregues
à profundidade do lago
que devorava
nossa eternidade
e nos assoprava
breves,
lábeis,
efêmeros,
no horizonte que morria
quando o próxima dia
resplandecia claridade.
E o tempo avançava.
Nenhuma hora a menos,
nenhuma hora a mais,
de passagem,
ou atrasada.
deixo cair
no espaço
entre uma mão e outra
a imagem do teu sorriso.
É um rosto,
não é uma fotografia,
é um instante
em que sonho,
não é o segundo
plantado
no meio,
em cheio,
do dia
em que tua mão
agarrava
o espaço em vão
em que minha mão
te alcançaria.
Não é um espaço,
é uma hora a menos,
uma hora a mais,
uma hora tardia.
Já não posso
com esse compasso
da vida
em estado de espera.
Não sei se
avanço o sinal
ou aguardo
a velocidade do passo
que me atropela.
Fiquei a um passo
para trás
quando você bateu asas
e agarrou
aquela nuvem
que se parecia
com a face
engrandecida
quando um sorriso
emergia.
Acho que já não é
o som da tua voz
que escuto
quando sinto a onda
que vibra
entre a aurora
e a tarde que cai.
Palavras trincadas
entre dentes brancos
em sorrisos congelados
eram quase ânima,
quase um estado
de alegria.
Tuas palavras,
cada sílaba declinada.
Hálito pálido.
Branco ao redor.
Vermelho da boca.
Marcas cutâneas
da tua excreção,
dançam com você,
mergulham com você,
brincam com você,
choram com você
quando teu corpo
atravessa a superfície
daquele lago.
Teus dedos ainda resistem
a tocarem fundo,
a tocarem o fundo.
Estou a uma braçada
atrasado,
estou a uma pedalada
antes
que o sinal
esteja fechado.
Você lembra?
Teus pés bailavam
quase engraçados
como elefantes
em um pista de gelo...
...no teto,
na beira do arranha-céu.
Dar o salto,
bater asas,
ou saltar
e deixar
a superfície da água
tocar as bordas ao redor
enquanto o corpo atravessa
a densidade aquática.
Já não era teu rosto,
nem reflexo,
ou mero sorriso,
quando despidos
de trajetórias pretéritas,
de futuros
que não eram nossos,
deixávamos nossos corpos,
nossas peles,
entregues
à profundidade do lago
que devorava
nossa eternidade
e nos assoprava
breves,
lábeis,
efêmeros,
no horizonte que morria
quando o próxima dia
resplandecia claridade.
E o tempo avançava.
Nenhuma hora a menos,
nenhuma hora a mais,
de passagem,
ou atrasada.
quinta-feira, 21 de março de 2019
Noite adentro,
quase em transe,
quase dentro.
Não é quando tento,
é quando pareço desatento,
Desapareço entre murmúrios,
sussurros
e pensamentos
quentes e rodopiantes.
Naufragante.
Um vilarejo.
Um deserto.
Uma estrela balbucia, declina,
Errante,
Na boca da orelha.
Quase dentro,
quase tanto,
tão perto,
quanto posso estar,
quanto posso escutar
o som do coração.
quase em transe,
quase dentro.
Não é quando tento,
é quando pareço desatento,
Desapareço entre murmúrios,
sussurros
e pensamentos
quentes e rodopiantes.
Naufragante.
Um vilarejo.
Um deserto.
Uma estrela balbucia, declina,
Errante,
Na boca da orelha.
Quase dentro,
quase tanto,
tão perto,
quanto posso estar,
quanto posso escutar
o som do coração.
Cada pessoa uma viagem,
cada alegria ressoa
uma miragem.
Mirada,
pela lateral flutuante.
Mirante:
- olho que espia,
anuncia,
a lua viajante
e acende
nas artérias do dia
a esperança de encontrar
o carinho da noite.
Não sei se sonho,
se acordo para viver
o mundo que sonho,
se encontro
quem me sonha.
Se me acerto,
ou me desacerto,
quando me desarrumo
e redescubro
o brilho
que brotava
do outro lado
do olho.
Reviro
a dobra
que me abre
a borda
da mensagem
à beira
da estrada,
da entrada.
Ou quem poderá saber,
de saída
do lado de dentro
para o outro lado
da vida
sem anunciar
a partida.
Vá,
parte,
me reparte,
compartilha
sinais de vida.
Pela janela,
por essa janela,
abraço oceano,
atravesso o mundo.
Recolha,
acaricia,
o calor
dos meus passos
no azul infinito
que habita,
brilha,
no teu sorriso.
Ilumina a travessia
de quem não teme
sonhar acordado
pelas veredas balsâmicas,
enluaradas. Constelações de odores inebriantes
que acolhem o peito céu aberto,
que despertam asas,
desvelam chama e brilho
em cada migalha desperta
na brisa matutina
que assopra alma. A convida para embarcar
na pessoa próxima,
próxima viagem,
prospectiva margem.
Ando tão cansado
de ser eu mesmo.
Quero abandonar
em uma esquina,
em uma viela,
o peso do passado
que me aliena
de sentir a força
de quem sou.
Quero entalhar,
esculpir,
em substância cutânea,
a memória
e a genética
da essência
dessa potência
que ainda vive,
mesmo tanto caminho
vivido
como labirinto.
Essa telha trincada,
esse vidro partido,
não é barca furada,
é alternativa,
é a saída
no beco sem saída.
É uma vereda aberta
bem no meio
do coração
dessa trincheira
que me enlaça
os vultos meus. Fantasmas do meu próprio coração.
Sobre o chão,
as máscaras caídas.
O olhar agora
já pode tocar,
brotar
o infinito
que mora dentro:
- despido dos olhos pintados
e dos vestígios
que atraíam para o abismo.
É o mergulho
que convida
para o fundo
e o meio
dessa história.
Agora
que se elucida
para a nossa
trajetória
que o começo,
a meia volta,
o término
e o convite da alma
se encontram
nessa vontade,
desejo,
de seguir,
prosseguir,
ir,
fluir
o ímpeto maior
do carinho,
a intensidade
da carícia.
Ciclones.
E tudo que não se pode conter.
Tudo que não basta em si,
que clama
pela ultrapassagem
da inércia
nos movimentos
dessa viagem.
Dança
entre a necessidade
e a liberdade.
É o futuro
que nos abraça
nossa atmosfera onírica.
de ser eu mesmo.
Quero abandonar
em uma esquina,
em uma viela,
o peso do passado
que me aliena
de sentir a força
de quem sou.
Quero entalhar,
esculpir,
em substância cutânea,
a memória
e a genética
da essência
dessa potência
que ainda vive,
mesmo tanto caminho
vivido
como labirinto.
Essa telha trincada,
esse vidro partido,
não é barca furada,
é alternativa,
é a saída
no beco sem saída.
É uma vereda aberta
bem no meio
do coração
dessa trincheira
que me enlaça
os vultos meus. Fantasmas do meu próprio coração.
Sobre o chão,
as máscaras caídas.
O olhar agora
já pode tocar,
brotar
o infinito
que mora dentro:
- despido dos olhos pintados
e dos vestígios
que atraíam para o abismo.
É o mergulho
que convida
para o fundo
e o meio
dessa história.
Agora
que se elucida
para a nossa
trajetória
que o começo,
a meia volta,
o término
e o convite da alma
se encontram
nessa vontade,
desejo,
de seguir,
prosseguir,
ir,
fluir
o ímpeto maior
do carinho,
a intensidade
da carícia.
Ciclones.
E tudo que não se pode conter.
Tudo que não basta em si,
que clama
pela ultrapassagem
da inércia
nos movimentos
dessa viagem.
Dança
entre a necessidade
e a liberdade.
É o futuro
que nos abraça
nossa atmosfera onírica.
Eu não sei o que fazer
com o azul do céu,
ou com o verde
que se estende
pela alameda,
ou com o sol
que brilha
e toca
o meu coração.
Eu não sei o que escrever,
qual a palavra
que se abre
para a luz amarela
que me acompanha
em cada passo
que traço
nesse caminho.
Eu não sei o que dizer,
ou qual é o ritmo
para o movimento das sombras,
contornadas
pela luz amarela,
que abrigam
a minha pele
pela travessia quente
e entardecida.
Eu ainda sinto
o carinho daquele vento
que assoprou cabelos,
pelos,
devaneios.
Cada hora dourada,
declinada,
derramada,
brilhante de sonho,
naquela noite
em que meu olho
despertava
como a lua se abria
na escuridão do céu.
Eram estrelas
pessoas
que brilhavam
quando a noite era neblina,
sombra e neblina.
Quando havia esperança
em encontrar
o outro lado
da cidade
quando o sol brilhasse
no coração
que atravessou a noite.
Era o céu
que eu podia sentir,
que podia me ver,
que eu podia tocar,
quando um sorriso doce
se abria em você.
Quando seus braços
me envolviam
naquele tenro carinho
que aquecia,
brilhava,
meu coração
para que eu pudesse
atravessar a hora
mais escura
e abraçar
a manhã
que florescia
o amanhã.
Hoje,
agora,
pelo menos nesse dia,
nessa hora curta e breve,
me deixa acreditar
que existe uma chama de amor
no meu coração,
no teu coração.
Que o amor reacende a esperança
há tanto tempo adormecida.
A mesma,
que brilha quente
mesmo na hora mais incerta.
Que o amor é esse fogo
que nos envolve,
nos alimenta
e nos leva para a frente,
para que a gente
possa conquistar,
outra vez,
o destino sonhado,
o destino construído,
o destino amado.
Que o amor é oceano,
universo das águas,
que nos abraça,
que nos acaricia,
que pede braços
e abraços
abertos.
Que abre a sua boca
de vulcão
para beijar
cada vértice,
cada ponta,
cada cor,
do coração
por inteiro.
Que o amor é brisa,
assopro,
canto sutil,
de passagem pelos lábios,
pela face branca,
castanha e rosada,
beijada
pela luz matutina.
Que o amor
é um verso
esculpido.
Um gesto,
um carinho,
um cuidado,
um silêncio,
um dedo,
dois.
Uma solidão
e um universo
vivido,
compartilhado.
Que no amor
cabe tanto,
as palavras traídas,
as palavras esquecidas
e a poesia
que não é dita
pela língua escrita,
pela língua grafada,
mas pela língua sentida
por essa beira,
por aquela curva,
no vale
e na planície,
da tua pele quente
que conhece
os segredos da noite
e os prazeres
de uma manhã cálida
de amor doce,
amor vivido.
Que o amor se vive
em dias
de lagoa e calmaria,
em noites desertas
de saudade,
em momentos de turbilhão
e tempestade.
Na pequena morte do gozo
e na sinceridade do pranto.
Que o amor é breve,
de passagem,
é tudo
e a eternidade
quando se vive junto,
quando se sonha junto,
quando a caminhada é conjunta.
Que o amor é mais
quando uma mão
encontra a outra,
quando o olho sabe
do brilho que existe
no alhar alheio.
Que o amor é o meio,
façamos dele
o ponto de partida,
o porto de chegada,
a substância da própria vida.
agora,
pelo menos nesse dia,
nessa hora curta e breve,
me deixa acreditar
que existe uma chama de amor
no meu coração,
no teu coração.
Que o amor reacende a esperança
há tanto tempo adormecida.
A mesma,
que brilha quente
mesmo na hora mais incerta.
Que o amor é esse fogo
que nos envolve,
nos alimenta
e nos leva para a frente,
para que a gente
possa conquistar,
outra vez,
o destino sonhado,
o destino construído,
o destino amado.
Que o amor é oceano,
universo das águas,
que nos abraça,
que nos acaricia,
que pede braços
e abraços
abertos.
Que abre a sua boca
de vulcão
para beijar
cada vértice,
cada ponta,
cada cor,
do coração
por inteiro.
Que o amor é brisa,
assopro,
canto sutil,
de passagem pelos lábios,
pela face branca,
castanha e rosada,
beijada
pela luz matutina.
Que o amor
é um verso
esculpido.
Um gesto,
um carinho,
um cuidado,
um silêncio,
um dedo,
dois.
Uma solidão
e um universo
vivido,
compartilhado.
Que no amor
cabe tanto,
as palavras traídas,
as palavras esquecidas
e a poesia
que não é dita
pela língua escrita,
pela língua grafada,
mas pela língua sentida
por essa beira,
por aquela curva,
no vale
e na planície,
da tua pele quente
que conhece
os segredos da noite
e os prazeres
de uma manhã cálida
de amor doce,
amor vivido.
Que o amor se vive
em dias
de lagoa e calmaria,
em noites desertas
de saudade,
em momentos de turbilhão
e tempestade.
Na pequena morte do gozo
e na sinceridade do pranto.
Que o amor é breve,
de passagem,
é tudo
e a eternidade
quando se vive junto,
quando se sonha junto,
quando a caminhada é conjunta.
Que o amor é mais
quando uma mão
encontra a outra,
quando o olho sabe
do brilho que existe
no alhar alheio.
Que o amor é o meio,
façamos dele
o ponto de partida,
o porto de chegada,
a substância da própria vida.
Teu nome me ronda.
tarde fria e vazia.
quente, o gole preto
rememora a pele.
Teu nome me assombra.
refúgio plantado
entre raios amarelos
que ora tocam,
ora tangenciam,
pequena brevidade cutânea.
Nome,
que fim é começo,
que cede ao início de outro;
a primeira,
ou última sílaba,
circunda a cilada
da tônica
trazida à tona
pelo movimento
da tua boca
que acentua
o lenço molhado,
suado. Tecido úmido de desejo,
ou de sonho,
ou do labirinto
no movimento circunflexo
que se abre perplexo
na tônica que acentua
a cilada da memória
na tarde fria e vazia.
tarde fria e vazia.
quente, o gole preto
rememora a pele.
Teu nome me assombra.
refúgio plantado
entre raios amarelos
que ora tocam,
ora tangenciam,
pequena brevidade cutânea.
Nome,
que fim é começo,
que cede ao início de outro;
a primeira,
ou última sílaba,
circunda a cilada
da tônica
trazida à tona
pelo movimento
da tua boca
que acentua
o lenço molhado,
suado. Tecido úmido de desejo,
ou de sonho,
ou do labirinto
no movimento circunflexo
que se abre perplexo
na tônica que acentua
a cilada da memória
na tarde fria e vazia.
Porta aberta.
por esse retângulo,
entre formas,
vejo a paisagem verde
tocada pela luz amarela.
É um brilho amarelo.
É dia.
Pássaros escondidos
entre arestas,
nos cantos do galpão,
cantam,
insistentes.
Pequenos ruídos anunciam
que existe vida,
ou possibilidade de energia
- vital –
para além das paredes
que se encerram
neste canto.
Para além do teto de alumínio,
entre eu e ele,
esse espaço vão
de atmosfera quente
e silenciosa
pressiona.
Apenas o silêncio anuncia
que a existência continua.
Somente calado
posso deixar que o sonho,
que gravita
em torno do abismo,
permaneça aceso.
Continue a me convidar
a acreditar
que um dia
poderei agarrar
cada dia
como sinto
a pontada
dessa asa
despenada,
despontada,
presa na garganta.
A possibilidade do grito
continua viva:
- Cortejo entre o futuro
e a liberdade prossegue.
por esse retângulo,
entre formas,
vejo a paisagem verde
tocada pela luz amarela.
É um brilho amarelo.
É dia.
Pássaros escondidos
entre arestas,
nos cantos do galpão,
cantam,
insistentes.
Pequenos ruídos anunciam
que existe vida,
ou possibilidade de energia
- vital –
para além das paredes
que se encerram
neste canto.
Para além do teto de alumínio,
entre eu e ele,
esse espaço vão
de atmosfera quente
e silenciosa
pressiona.
Apenas o silêncio anuncia
que a existência continua.
Somente calado
posso deixar que o sonho,
que gravita
em torno do abismo,
permaneça aceso.
Continue a me convidar
a acreditar
que um dia
poderei agarrar
cada dia
como sinto
a pontada
dessa asa
despenada,
despontada,
presa na garganta.
A possibilidade do grito
continua viva:
- Cortejo entre o futuro
e a liberdade prossegue.
Seria prudente
não pensar em ti
agora que você deixou
a porta meio aberta
e me disse
para desenhar a partida
sem a meia volta.
Seria uma providência
não agitar a consciência
com as pausas
e reticências
que habitam o intervalo
entre uma palavra e outra
dita pela tua boca,
escrita pelo encontro vivido
no caminho
entre um dedo e outro.
Seria coerente
nesse compromisso
com o tempo presente
não ter a alma
e a carne dos lábios
despertas
pela tua imagem
que me visita
quando as pálpebras
estão fechadas.
Ou quando entardeço
com os olhos encantados
pela poesia que toca
a esperança incongruente,
impertinente,
que permanece acesa
dentro do meu coração.
Seria assertivo
não rever
pontos e signos
em busca de algum sentido
submerso
nas mensagens enviadas,
compartilhadas,
trocadas.
Seria calmo,
tranquilo,
quase normal,
não ser envolvido
pela melodia onírica
que revela
por segundo,
por hora,
por tempo
que não pode ser medido,
a textura
do teu peito
aberto,
desvelado,
nu,
no movimento da língua
que reconhece o desejo
na gênese do beijo
na ponta
do bico vermelho,
rosado,
plantado,
na pele branca tua.
São
beijos miúdos,
beijos vorazes,
aprendizes,
inquietos,
impacientes,
delicados,
ardentes,
carinhosos,
conduzidos
pelo tempo do teu coração,
da tua pulsação.
Pelo assopro do teu desejo,
pelo ritmo da tua cintura,
pelos caminhos renascidos
no encanto quente
da tua pele.
Esse aroma,
esse cheiro,
esse odor.
Esse jeito
logo abaixo
da linha da cintura.
Logo ali,
entre seus rins,
suas pernas,
que seus lábios têm
de se abrirem
como pétalas
para o carinho
doce,
suave,
úmido
e único
da minha língua.
Todos os nomes,
todos os números,
todos os encontros,
todas as músicas,
luzes e sons
que me lembram você,
que me lembram.
Todas as palavras,
timbres e imagens.
O mesmo sonho
que emergiu
do outro lado
do rio,
na beira daquela margem.
E aquela esquina
que me lembra você,
que me lembra.
Todas as máscaras
que quis deixar ao chão,
todas as fugas
trancadas na mala esquecida
no fundo de algum armário.
Para que na próxima curva
eu pudesse encontrar
outro lugar,
uma nova memória
para que essa história
não fosse tanto
um lance de dados,
uma carta na manga,
uma jogada de sorte.
Todos os encontros
para que pudesse reencontrar
em pelo menos um
passo dado
a beleza do acaso.
Todas as respostas
que não poderia ter,
todas as senhas
que não saberia,
que poderia esquecer,
diante do abraço
do inesperado.
e o sentido se abrir
para sentir
que
esse sonho não revela.
Não há setas
na próxima curva.
Viver para saber
que a minha vida
pode ser encontrada.
que existe uma vida
que pode ser sonhada.
que há possibilidade
de vida amada
entre o céu e a terra,
na beira do caos,
naquela paralela
de luminosidade latente
entre as estrelas.
Na cadência
da tua trajetória
a faísca
de uma nova memória.
todos os números,
todos os encontros,
todas as músicas,
luzes e sons
que me lembram você,
que me lembram.
Todas as palavras,
timbres e imagens.
O mesmo sonho
que emergiu
do outro lado
do rio,
na beira daquela margem.
E aquela esquina
que me lembra você,
que me lembra.
Todas as máscaras
que quis deixar ao chão,
todas as fugas
trancadas na mala esquecida
no fundo de algum armário.
Para que na próxima curva
eu pudesse encontrar
outro lugar,
uma nova memória
para que essa história
não fosse tanto
um lance de dados,
uma carta na manga,
uma jogada de sorte.
Todos os encontros
para que pudesse reencontrar
em pelo menos um
passo dado
a beleza do acaso.
Todas as respostas
que não poderia ter,
todas as senhas
que não saberia,
que poderia esquecer,
diante do abraço
do inesperado.
e o sentido se abrir
para sentir
que
esse sonho não revela.
Não há setas
na próxima curva.
Viver para saber
que a minha vida
pode ser encontrada.
que existe uma vida
que pode ser sonhada.
que há possibilidade
de vida amada
entre o céu e a terra,
na beira do caos,
naquela paralela
de luminosidade latente
entre as estrelas.
Na cadência
da tua trajetória
a faísca
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